Eram mais de cinquenta e foram maiores que a Serra da Estrela. Venceram 137 km, 2700 metros de desnível acumulado, três subidas de 1ª. categoria, calor e vento, e consagraram-se como heróis na Torre, no ponto mais alto de Portugal Continental. A primeira edição da Clássica da Serra da Estrela foi pensada para pouco mais de uma mão cheia de aventureiros, mas acabou por superar as expectativas de participação mais optimistas, reunindo dezenas de ciclistas de diversas proveniências, incluindo de Espanha.
A jornada serrana de 2010 revelou o embrião deste tipo de grandes eventos de ciclismo amador em Portugal, com as melhores características das que se realizam no estrangeiro e que, à falta no nosso país, todos os anos levam muitos inveterados praticantes portugueses desta modalidade a «emigrar». A «nossa» Clássica teve (e terá) os condimentos para manter, quiçá aumentar, o êxito conquistado logo na estreia. É um exigente desafio de superação individual, enorme desafio à resistência física e anímica, uma experiência que ficará na memória desportiva de todos os que participaram. E a estes, com a classe, coragem, tenacidade e espírito de sacrifício exibidos, se deve o sucesso retumbante desta primeira edição.
Como se não bastasse a elevada dificuldade do percurso (que se sabia), o nível de exigência desta clássica foi inflacionado pelo forte empenho dos seus participantes (como se antevia). O protocolo pré-estabelecido foi respeitado na íntegra e desde a partida de Covilhã, pouco depois da oito horas da manhã, até ao alto do Gonçalo, a primeira grande subida do dia, cumpriu-se andamento moderado para garantir a coesão do pelotão e atenuar desgastes prematuros. Todavia, não se pense que foi uma toada de passeio, mas sim ritmo adequado àquela fase do percurso, em terreno algo acidentado até Belmonte, como revela a boa média de 30 km/h, mercê de um trabalho meritório que, na maior parte, pertenceu ao Freitas.
O início da subida surpreendeu quem esperava facilidades. Rampas duras intercaladas com alguns troços em empedrado na passagem pela localidade de Gonçalo não permitiram, a ninguém, uma ascensão descansada. Na sua terra-natal, o camarada Sérgio Gomes, da Casa do Benfica de Belmonte, assumiu a dianteira do pelotão, liderando-o antes alguns conterrâneos mais madrugadores que assistiam à passagem do inesperado grupo de ciclistas.
Enquanto se continuava a serpentear a caminho de Seixo Amarelo, a brisa matinal tornou-se abafada, ameaçando com temperaturas altas para a fase final, que felizmente não se confirmaram. À medida que se subia, a estrada tornava-se cada vez mais estreita, a paisagem mais bela e a inclinação, felizmente, mais suave. No alto de Gonçalo, o objectivo estava cumprido: o pelotão mantinha-se praticamente compacto, descontraído e motivado – mas ninguém duvidava que os últimos 10 km a 4,6% tinham «ficado» nas pernas.
Penhas Douradas
Após a neutralização, a clássica assumia a sua plena dimensão, com andamento livre a impor gestão rigorosa do esforço. Logo na fase inicial da descida para Valhelhas, os Carb Boom lançaram-se a alta velocidade, impondo desde logo opções aos demais. O bom ritmo (média de 48 km/h) isolou, na frente, um grupo de não mais de 10 ciclistas, mas com a entrada no falso plano ascendente para Manteigas, o abrandamento permitiu a reentrada da maioria dos restantes, não demorando a que o pelotão voltasse praticamente à formação original.
Todavia, houve quem não conseguisse reentrar, por motivos vários: o Freitas foi um deles, vítima da quebra de um raio no início da descida. O esforço empreendido na tentativa de recolagem custou-lhe... o resto. Embora algo distante da grande forma de Junho, que lhe valeu o seu melhor Quebrantahuesos, esta Clássica foi mais uma prova da sua inquebrável abnegação.
Acabava-se de chegar a Manteigas e ao sopé das Penhas Douradas (16,7 km a 4,7%) e logo à entrada da subida andamento de grande nível! Os mais fortes e trepadores assumiam-se, entre eles, o André e o Lopes (ambos da Carb Boom), a meter ritmo de «pro», mais uma vez a recomendar escolhas rápidas entre os restantes: pegar ou largar! Mesmo assim, nos primeiros 2/3 km, no grupo da frente ainda se mantinham cerca de 25 unidades, mas quando um ciclista da Covilhã (de azul) assumiu a condução, o andamento tornou-se altamente selectivo.
No meu caso, chegava a hora de baixar a adrenalina e impor a racionalidade. O grupo principal partiu-se dois ou três ciclistas à minha frente e o espaço abriu-se num ápice. Na frente, seguiram cerca de 15 elementos, atrás, num segundo grupo, pouco mais de cinco: eu, o Eurico e o Miguel (Palmeiras Resort... Vila Franca), o Pedro Bike (dos Duros do Pedal) e mais um ou outro que não identifiquei.
Naquele momento «chave», em que se esgotava o tempo para ainda recuperar, o Miguel perguntou-me: «Como é Ricardo, vamos lá ou seguimos ao nosso ritmo?». A minha resposta, na primeira pessoa - «Não, não, eu fico!» - tinha de facto a pretensão de os convencer a permanecer, como aconteceu. E foi, sem dúvida, a decisão certa! Para todos.
De qualquer modo, sofri muito para me manter ao ritmo da dupla de Vila Franca, que foi gigante nas Penhas. Após dois ou três km em que fui eu a estabelecer o andamento-padrão, ao longo da restante subida estive em constante dilema entre não querer desaproveitar a fantástica companhia ou «largar» para baixar pelo menos 10 pulsações às 173 de média que fiz no alto. Porque a subida, embora rápida (a nossa média foi de 22 km/h) é longa, parece interminável. Decidi-me por continuar, mesmo que, na minha mente, pairasse o fantasma do «empeno».
Para mim, este foi o momento crucial da Clássica. Mas terá sido também para a maioria, e principalmente para alguns elementos que se forçaram a um nível ainda superior no grupo da frente, sem a devida ponderação. Alguns já estavam à vista na fase final da subida, e logo ali, ainda com o colosso da Torre para superar, demonstravam preocupantes sinais de fadiga.
Digo isto, como reflexo do meu estado à chegada às Penhas: cansado, massacrado, receoso do que estava para vir. Mas tinha uma vantagem, privilégio que não queria abdicar depois de tanto esforço: a presença dos meus parceiros do grupo que se formou em Manteigas. Mesmo sem o Miguel, que parou para abastecer na fonte das Penhas, os demais pareciam estar para durar, e colaborar. Tanto mais, que a irregular ligação ao Sabugueiro trouxe dificuldade adicional: o vento. Recuperar devidamente foi uma miragem, como ainda era a Torre...
A Torre
Surpreendentemente, na aproximação ao Sabugueiro o grupo tresmalhou! Péssima decisão, que só encontra explicação no ímpeto e nalguma inexperiência. Houve acelerações despropositadas e respostas ainda mais, mas acima de tudo perder-se a noção da importância da unidade na abordagem à fase mais exigente da jornada.
Assim, se os meus companheiros pareciam perder a consciência do valor da coesão, restava-me mantê-la. Para tal, não podia perder o andamento-guia, o Eurico, quinquagenário e trepador de grande classe, que dava maiores garantias. No final da descida, quando pareceu inquieto com a pequena vantagem dos outros dois ou três elementos do nosso grupo, sensibilizei-o para as agruras da saída do Sabugueiro e para a importância de encontrar rapidamente o ritmo de subida.
Assim, logo que a estrada apontou ao céu, com inclinações superiores a 10% e média de 8,3% durante 5,5 km até à Lagoa Comprida, iniciou-se a batalha dura, lenta e silenciosa. Foi como se o Mundo passasse a câmara lenta. Restavam 18 km de sofrimento. E que sofrimento naqueles primeiros quilómetros, ainda marcados pela «violência» das Penhas! Ritmo de pedalada no limite mínimo, pulsação no limite máximo – nestas condições é fundamental manter o andamento certo, sem oscilações. Um desafio à resistência física e mental, e à tentação de querer alcançar (logo) quem vai à frente.
Quando entrei na subida, após aquela curva fechada, sobre a famosa pequena ponte, tinha 15 metros de desvantagem para o Eurico. Pareciam à distância de uma ligeira aceleração, de um repelão – que seriam suicídio! Foram, precisamente, os mesmos 15 metros que ainda nos separavam mais de 5 km depois, à chegada à Lagoa Comprida. Para trás, tinham sido dobrados diversos elementos, incluindo os nossos antigos parceiros e grande parte dos que seguiram no grupo da frente nas Penhas. Nos penosos 6 km do Sabugueiro à Lagoa fiz médias de 12 km/h e 176 pulsações.
Após a Lagoa, a inclinação torna-se irregular, a pendente baixa e inclusive há descidas que permitem aliviar a tensão muscular, encontrar outros ritmos de subida. Mas com a altitude acima dos 1500 metros, o oxigénio fica rarefeito, o rendimento baixa e as pernas parecem não responder da mesma maneira – sem motivo aparente...
Esses factores pesaram no rendimento do meu guia, o Eurico, e os duráveis 15 metros esfumaram-se num ápice naquela longa recta a seguir à barragem, batida a forte ventania. Mas tinha-lhe uma dívida que queria saldar, pela ajuda que me prestou e em homenagem à sua grande classe e esforço. Procurei dar-lhe roda amigável, abrigada do vento que nos fustigava, indicando-lhe as trajectórias mais suaves. No entanto, a fadiga venceu-o. A glória, porém, estava conquistada.
Eu segui. Na peugada do duo Jorge (Contador) de Alverca e Lopes (Carb Boom), que estava «à mão» à entrada no carrossel dos últimos 10 km, mas que, afinal, só consegui alcançar à passagem pela pista de esqui, a menos de 2 km da Torre.
Como referência, o meu tempo final, na Torre, foi de 4h37m20s, à média de 24 km/h (113 km) e de 5h09m40s, na Covilhã, a 26,5 km/h (137 km).
Os heróis
Desde os primeiros a chegar ao cume - André, Marco Silva, Rui Torpes, o Azul da Covilhã e o Esteves (dos Duros) - que voaram montanhas acima, aos derradeiros a atingir o cume mais alto, todos foram «grandes, enormes», insuperáveis. Colocaram à prova corpo e mente, alguns roçando os seus limites, a maioria atingindo o ponto mais alto de Portugal Continental com pedalada titubeante, esforço estampado no rosto, mas a incontrolável satisfação do desafio superado.
Algumas imagens ficaram na retina. Uma «tocou-me» a mim, quando algures a seguir ao Sabugueiro, ao ultrapassar o Álvaro dos Duros, dizia-me ele: «Oh, Ricardo, tás a passar mal ou quê?». Eu hesitei a responder, porque mal não me sentia e não me estava nada a apetecer desperdiçar fôlego. Mas ele quis ser mais directo. «Não deverias estar mais à frente?». Então não podia deixá-lo sem esclarecimento: «Quem te enganou?». Fim de conversa.
Guardo também o semblante do Carlos Gomes, na Lagoa Comprida, quando o «encorajei», dizendo-lhe que faltavam «só» 10 km, e o do Carlos Cunha a descer para a Lagoa, como se continuasse a subir, de tão cansado!
Na Torre, os heróis chegavam a conta-gotas. Houve quem se tenha atirado literalmente ao chão, vencido pelo cansaço, mas vencedor de uma das maiores provações da sua vida. Outros, em que o sorriso de orelha a orelha se confundia ainda com o esgar do sofrimento.
Espantou o aparecimento de rompante do Guedes, velho companheiro nestas andanças, que pedalava como se tivesse... a começar. Terá feito uma subida final em fantástica recuperação mas não parava de se lamentar que a malta andava muito depressa... no plano!
Maltratado chegou o Miguel, que depois «daquela» exibição nas Penhas não se esperava que passasse tão mal? Mas quando a fraqueza ataca na alta montanha, o 39x23 pode matar. Pelo contrário, o Paulo Pais agradecia ao 39x28 o facto de estar ali... E sobre o Evaristo dizia-se que, na subida final, a cada 100 metros, sentia as cãibras a mudarem de perna.
Melhor estavam «nuestros hermanos», a confraternizar animadamente lá no alto, como se comessem montanhas ao pequeno-almoço. E a Sra. Torpes, a Maria, que repetiu a façanha de 2009 e fez grande parte do percurso sozinha, logo bem acompanhada...
Comuma todos, a intensa paixão pelo ciclismo. A Clássica da Serra da Estrela é vossa! E para o ano, será ainda maior!
P.S. O lamento pelas aparatosas quedas do André e do Marco Almeida, na descida para a Covilhã, que levou o primeiro ao hospital para observação. Felizmente, não implicou mais cuidados e o «puto» em breve estará fino para continuar a arrasar. Rápidas melhoras!
Ver as crónicas do camarada Manso, em ciclismo2640.blogspot.com e dos nossos ilustres vizinhos espanhóis, em elsabiobike.blogspot.com
Covilhã-Belmonte-Manteigas-Penhas Douradas-Manteigas-Vale da Amoreira-Verdelhos-Covilhã-Torre
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
ATENÇÃO, NOVO HORÁRIO: 8h00
A tradicional Clássica da Serra da Estrela será, na edição deste ano, uma verdadeira etapa de alta montanha, com 130 km, três contagens de 1ª categoria e passagem «obrigatória» pela Torre. Pretende-se criar um modelo que perdure no tempo todos os anos/edições com percurso diferente. Pelo menos, sê-lo-à em relação aos anos mais recentes, numa tarefa que, na imensidão de trajectos da Serra da Estrela, não deverá ser muito complicada.
A data do evento é o dia 4 de Setembro (sábado), como é habitual no primeiro fim-de-semana deste mês, apenas com a alteração do dia, domingo. O objectivo é o de proporcionar aos participantes um regresso com mais tranquilo, com um dia de descanso para os que trabalharem na segunda-feira seguinte. A data da Clássica (1º fim-de-semana de Setembro) é supostamente para manter nos anos vindouros e o percurso será anunciado, neste blog, no dia 15 de Março de cada ano - com a antecipação suficiente para a devida programação/preparação de todos os que nela pretendam participar.
O percurso
O percurso da 1ª edição deste novo formato de Clássica inicia-se na Covilhã (parque de estacionamento do McDonald’s) na alameda que liga a EN18 ao centro da cidade e prossegue por esta estrada nacional até Belmonte, num trajecto com alguns desníveis. Apenas 5 km após esta cidade, e continuando pela mesma estrada, «eleva-se» a primeira subida da etapa, Gonçalo, com 10 km a 4,7%.
A inclusão desta ascensão no percurso foi sugerida pelo camarada Manso «Cancellara», dinamizador desta jornada serrana, e sobre ela reconheço não ter qualquer conhecimento. Segundo o próprio, arranca com as inclinações mais fortes e vai suavizando à medida em que subimos na cota, sempre com uma pendente que diz ser algo irregular. A subida atravessa as localidade de Gonçalo e de Seixo Amarelo, culminando com a intercepção da N18-1 que liga Guarda a Valhelhas, já em pleno Parque Nacional da Serra da Estrela.
A descida tem 13 km para Valhelhas tem algumas parte técnicas mas um declive moderado. No final a descida, que coincide com o cruzamento que antecede Valhelas, vira-se à direita para Manteigas, onde se chega após 16 km de falso plano (progressivamente) ascendente. Nesta ligação, que convida a velocidade elevadas não convém cometer exageros!
Em Manteigas inicia-se a segunda montanha do dia, Penhas Douradas: 15 km a 4,4%. Ou seja, longa mas suave. Sem dúvida, uma montanha rolante, sem inclinações fortes e uma pendente regular! Conheço-a apenas em descida, e adianto desde já que é... fantástica! Faz a transição da cota de 760 metros para a de 1414 metros, elevando-se praticamente sobre Manteigas através de um emaranhado de pequenas rectas e ganchos e proporcionando um esplêndida visão do Vale Glaciar do Zêzere, que vai ficando debaixo dos nossos pés...
A partir de Penhas Douradas (e da passagem próximo do seu Observatório Meteorológico), desce-se para o Sabugueiro saindo da N232 que continua para Gouveia. Depois deste cruzamento (à esquerda), são 5 km em descida até ao Sabugueiro (a aldeia mais elevada de Portugal Continental) numa estrada com piso irregular e muito desabrigada.
A junção com a subida Seia-Torre faz-se antes do Sabugueiro, ainda em descida acentuada (a tal passagem características desta subida, por onde irá passar uma das etapas da Volta este ano), para logo se iniciar a subida final para a Torre (imediatamente a seguir à aldeia). Serão 17 km a 5,5%, e para o poucos que não conhecem esta subida, a percentagem média de inclinação está longe de reflectir a sua dificuldade.
Nos 5 km seguintes ao Sabugueiro, é a doer e sem tréguas! Surge, então, uma descanso que antecede a passagem pela Lagoa Comprida. Depois, a pendente torna-se irregular, com secções bastante inclinadas e outras brandas, chegando mesmo a descer-se. A aproximação à Torre faz-se por patamares...
No cume de Portugal Continental, estaremos com cerca de 110 km... e etapa praticamente concluída. Todavia, resta voltar «vertiginosamente» para a Covilhã, em descida íngreme e com troços muitíssimo técnicos. Aí, os grandes descedores vão estar em palco privilegiado.
Outras informações
Esclareça-se, desde já, que a Clássica não tem fins competitivos e os seus participantes deverão respeitar o andamento médio estabelecido, de modo a permitir a integração de todos os ciclistas durante a maior parte do percurso. Todavia, ninguém terá dúvidas de que, em subidas desta categoria, haverá diferenças mais ou menos acentuadas de nível entre os participantes. Por isso, deve partir-se do princípio de que «ninguém deve travar ninguém», para tal devendo cumprir-se neutralização para reagrupamento no alto de Gonçalo e na Torre.
Tal não dispensa, porém, a cada participante a consciência/responsabilidade das suas capacidades físicas e a estas a adequação do seu próprio andamento/esforço, assegurando-se que, à partida, reúne condições para completar, ao seu ritmo, um trajecto com este elevado nível de exigência.
O objectivo consiste em tentar levar o grupo compacto até ao início da derradeira subida (do Sabugueiro para Torre), embora mais uma vez mais se ressalve o interesse, desde que possível, da formação de grupos de nível idêntico.
A duração da prova não deverá ser inferior a 5 horas, à (melhor) média prevista de 25 km/h.
ATENÇÃO: ANTECIPAÇÃO DE HORÁRIO DE PARTIDA!
A hora do início da prova aponta-se agora para as 8h00 (concentração às 7h30).
No final do evento, serão disponibilizados (sem custos) balneários para banhos, no Centro Desportivo da Covilhã, por trás do Hospital.
Todas as dúvidas respeitantes à participação no evento devem ser remetidas através de comentário (no espaço abaixo)
INSTRUÇÕES
A pouco mais de uma semana da 1ª. Clássica da Serra da Estrela, as expectativas iniciais estão superadas. Do cepticismo à nascença a um inesperado interesse de muitos participantes. A confirmar-se a adesão de maioria dos que têm manifestado intenções de estar à partida da Covilhã, às 8h00 de sábado, corre-se o «risco» de o evento adquirir uma projecção sem precedentes neste primeira edição. Com todas as contrapartidas que advêm, positivas e negativas.
Por isso, impõe-se, desde já, o estabelecimento de instruções básicas que deverão prevalecer no decurso da jornada, para tentar, o melhor possível, prevenir o seu normal desenrolar. Para que a mesma decorra como todos desejam!
Ponto prévio: reforce-se o cariz da Clássica de Serra da Estrela, que não é competição, mas sim uma prova de superação individual, que exige a cada participante a máxima responsabilidade e consciência da sua autonomia e capacidade para concluir um percurso de 130 km em alta montanha, com três subidas de 1ª categoria.
Assim, quanto às instruções que deverão nortear a conduta dos participantes, informa-se que o percurso será dividido em três partes:
1ª. Covilhã-Alto do Gonçalo (km 34,6 km; montanha de 1ª. Categoria)
2ª. Alto do Gonçalo-Torre (108, 4 km; após duas montanhas de 1ª Categoria)
3ª. Torre-Covilhã (final, km 130)
O procedimento que mais importa esclarecer/dissecar refere-se à primeira fase, para o qual solicita-se a compressão/entendimento de todos os participantes. Embora sem beliscar um dos pressupostos que prevalece a esta Clássica (o não condicionamento do andamento dos participantes) importa definir algumas instruções simples e pouco restritivas que possam contribuir para a concretização do objectivo primordial: a congregação de ciclistas de todos os níveis (desde que salvaguardadas as condições mínimas já mencionadas em ponto prévio).
Informa-se que, desde a Covilhã até ao Alto de Gonçalo, será imprimido um andamento-guia (por minha iniciativa, e estabelecido em parceria com os que bem-vindos quiserem colaborar/ajudar) que se considera adequado para a fase inicial do percurso – e que poderemos denominar como o ritmo do «pelotão». A ideia é tentar encontrar um andamento moderado, acessível à maioria, principalmente ao longo da primeira subida, de modo não ser limitativo aos atletas melhor preparados e sem penalizar aos menos aptos.
De qualquer modo, porque é natural que se verifiquem alguns atrasos no alto do Gonçalo, o «pelotão» deverá proceder a uma neutralização extraordinária (no cruzamento com a estrada que desce para Valhelhas) para reagrupamento total. O impasse durará o tempo que se considere razoável, ainda e sempre considerando a fase em questão do traçado.
Após a neutralização no alto de Gonçalo, a única estipulada antes da chegada à Torre, deixará de haver restrições ao andamento. Todavia, a noção de «pelotão» não deixará de existir. Pelo contrário, considera-se altamente recomendável que os participantes sigam em grupo do seu nível, para melhor interajuda.
Por outro lado, quer em grupo ou individualmente, partirá das necessidades de cada participantes a decisão de parar para reabastecimento. Esclareça-se, a propósito, que não há abastecimentos no evento, pelo que cada participante deve munir-se de alimentação sólida e líquida suficiente para cumprir o percurso, ou eventualmente parar para o adquirir (comprar) ou ser apoiado por viatura.
Sobre os carros de apoio, pede-se aos seus condutores que, quando prestarem assistência aos seus atletas, que o façam na parte de trás do pelotão e em segurança, de forma breve e sem obstruir o trânsito ou colocar em risco os demais utentes da via, incluindo os próprios ciclistas. Durante as longas subidas certamente haverá condições e tempo suficientes para tal, e até para as fotografias da praxe.
Na terceira e última fase, após a chegada à Torre, deve aguardar-se pela chegada de todos os participantes, antes de concluir a Clássica, descendo para a Covilhã (local da partida). Embora, como se compreende não se possa garantir infalibilidade.
CONSELHOS
Nunca é demais alertar/recordar todos os interessados em participar nesta desafiante Clássica da Serra da Estrela, a importância da gestão do esforço de acordo com as capacidade físicas. Para tal, a constante auto-avaliação ao longo do percurso é fundamental, porque nunca é demais frisar: é uma Clássica de alta montanha digna das grandes provas internacionais – não apenas pelo simbolismo das paragens, mas acima de tudo pelo elevado nível de dificuldade. Terminá-la – asseguro - é uma conquista pessoal de inegável mérito! Motivo para se oferecer a si próprio uma medalha alusiva.
Os participantes terão, com certeza, níveis diferentes, e em montanha essas diferenças fazem-se rapidamente. Quando se diz rapidamente, pode ser em centenas de metros... ou menos. Para isso, é crucial para cada ciclista «meter» o «seu» andamento (moderado, de preferência) o quanto antes e não apenas quando as forças falharem. E se falharem logo no Gonçalo ou mesmo nas Penhas Douradas, a subida à Torre poderá tornar-se penosa.
Pois, nunca se pode dizer que, numa jornada com três «cols», por se estar bem na primeira subida ou na segunda, se estará na última que, neste caso, é a mais difícil, e onde as forças, para a maioria, já serão muito mais escassas. Não vale a pena forçar, a não ser quando a Torre estiver à vista. Não respeitar a montanha é insensatez, mais cedo ou mais tarde, ela passará a factura! E pode apanhar-nos sem que tenhamos mais nada dar (lhe) dar...
Digo-o por experiência em muitas Clássicas internacionais.
Boa Sorte

A data do evento é o dia 4 de Setembro (sábado), como é habitual no primeiro fim-de-semana deste mês, apenas com a alteração do dia, domingo. O objectivo é o de proporcionar aos participantes um regresso com mais tranquilo, com um dia de descanso para os que trabalharem na segunda-feira seguinte. A data da Clássica (1º fim-de-semana de Setembro) é supostamente para manter nos anos vindouros e o percurso será anunciado, neste blog, no dia 15 de Março de cada ano - com a antecipação suficiente para a devida programação/preparação de todos os que nela pretendam participar.
O percurso
O percurso da 1ª edição deste novo formato de Clássica inicia-se na Covilhã (parque de estacionamento do McDonald’s) na alameda que liga a EN18 ao centro da cidade e prossegue por esta estrada nacional até Belmonte, num trajecto com alguns desníveis. Apenas 5 km após esta cidade, e continuando pela mesma estrada, «eleva-se» a primeira subida da etapa, Gonçalo, com 10 km a 4,7%.
A inclusão desta ascensão no percurso foi sugerida pelo camarada Manso «Cancellara», dinamizador desta jornada serrana, e sobre ela reconheço não ter qualquer conhecimento. Segundo o próprio, arranca com as inclinações mais fortes e vai suavizando à medida em que subimos na cota, sempre com uma pendente que diz ser algo irregular. A subida atravessa as localidade de Gonçalo e de Seixo Amarelo, culminando com a intercepção da N18-1 que liga Guarda a Valhelhas, já em pleno Parque Nacional da Serra da Estrela.
A descida tem 13 km para Valhelhas tem algumas parte técnicas mas um declive moderado. No final a descida, que coincide com o cruzamento que antecede Valhelas, vira-se à direita para Manteigas, onde se chega após 16 km de falso plano (progressivamente) ascendente. Nesta ligação, que convida a velocidade elevadas não convém cometer exageros!
Em Manteigas inicia-se a segunda montanha do dia, Penhas Douradas: 15 km a 4,4%. Ou seja, longa mas suave. Sem dúvida, uma montanha rolante, sem inclinações fortes e uma pendente regular! Conheço-a apenas em descida, e adianto desde já que é... fantástica! Faz a transição da cota de 760 metros para a de 1414 metros, elevando-se praticamente sobre Manteigas através de um emaranhado de pequenas rectas e ganchos e proporcionando um esplêndida visão do Vale Glaciar do Zêzere, que vai ficando debaixo dos nossos pés...
A partir de Penhas Douradas (e da passagem próximo do seu Observatório Meteorológico), desce-se para o Sabugueiro saindo da N232 que continua para Gouveia. Depois deste cruzamento (à esquerda), são 5 km em descida até ao Sabugueiro (a aldeia mais elevada de Portugal Continental) numa estrada com piso irregular e muito desabrigada.
A junção com a subida Seia-Torre faz-se antes do Sabugueiro, ainda em descida acentuada (a tal passagem características desta subida, por onde irá passar uma das etapas da Volta este ano), para logo se iniciar a subida final para a Torre (imediatamente a seguir à aldeia). Serão 17 km a 5,5%, e para o poucos que não conhecem esta subida, a percentagem média de inclinação está longe de reflectir a sua dificuldade.
Nos 5 km seguintes ao Sabugueiro, é a doer e sem tréguas! Surge, então, uma descanso que antecede a passagem pela Lagoa Comprida. Depois, a pendente torna-se irregular, com secções bastante inclinadas e outras brandas, chegando mesmo a descer-se. A aproximação à Torre faz-se por patamares...
No cume de Portugal Continental, estaremos com cerca de 110 km... e etapa praticamente concluída. Todavia, resta voltar «vertiginosamente» para a Covilhã, em descida íngreme e com troços muitíssimo técnicos. Aí, os grandes descedores vão estar em palco privilegiado.
Outras informações
Esclareça-se, desde já, que a Clássica não tem fins competitivos e os seus participantes deverão respeitar o andamento médio estabelecido, de modo a permitir a integração de todos os ciclistas durante a maior parte do percurso. Todavia, ninguém terá dúvidas de que, em subidas desta categoria, haverá diferenças mais ou menos acentuadas de nível entre os participantes. Por isso, deve partir-se do princípio de que «ninguém deve travar ninguém», para tal devendo cumprir-se neutralização para reagrupamento no alto de Gonçalo e na Torre.
Tal não dispensa, porém, a cada participante a consciência/responsabilidade das suas capacidades físicas e a estas a adequação do seu próprio andamento/esforço, assegurando-se que, à partida, reúne condições para completar, ao seu ritmo, um trajecto com este elevado nível de exigência.
O objectivo consiste em tentar levar o grupo compacto até ao início da derradeira subida (do Sabugueiro para Torre), embora mais uma vez mais se ressalve o interesse, desde que possível, da formação de grupos de nível idêntico.
A duração da prova não deverá ser inferior a 5 horas, à (melhor) média prevista de 25 km/h.
ATENÇÃO: ANTECIPAÇÃO DE HORÁRIO DE PARTIDA!
A hora do início da prova aponta-se agora para as 8h00 (concentração às 7h30).
No final do evento, serão disponibilizados (sem custos) balneários para banhos, no Centro Desportivo da Covilhã, por trás do Hospital.
Todas as dúvidas respeitantes à participação no evento devem ser remetidas através de comentário (no espaço abaixo)
INSTRUÇÕES
A pouco mais de uma semana da 1ª. Clássica da Serra da Estrela, as expectativas iniciais estão superadas. Do cepticismo à nascença a um inesperado interesse de muitos participantes. A confirmar-se a adesão de maioria dos que têm manifestado intenções de estar à partida da Covilhã, às 8h00 de sábado, corre-se o «risco» de o evento adquirir uma projecção sem precedentes neste primeira edição. Com todas as contrapartidas que advêm, positivas e negativas.
Por isso, impõe-se, desde já, o estabelecimento de instruções básicas que deverão prevalecer no decurso da jornada, para tentar, o melhor possível, prevenir o seu normal desenrolar. Para que a mesma decorra como todos desejam!
Ponto prévio: reforce-se o cariz da Clássica de Serra da Estrela, que não é competição, mas sim uma prova de superação individual, que exige a cada participante a máxima responsabilidade e consciência da sua autonomia e capacidade para concluir um percurso de 130 km em alta montanha, com três subidas de 1ª categoria.
Assim, quanto às instruções que deverão nortear a conduta dos participantes, informa-se que o percurso será dividido em três partes:
1ª. Covilhã-Alto do Gonçalo (km 34,6 km; montanha de 1ª. Categoria)
2ª. Alto do Gonçalo-Torre (108, 4 km; após duas montanhas de 1ª Categoria)
3ª. Torre-Covilhã (final, km 130)
O procedimento que mais importa esclarecer/dissecar refere-se à primeira fase, para o qual solicita-se a compressão/entendimento de todos os participantes. Embora sem beliscar um dos pressupostos que prevalece a esta Clássica (o não condicionamento do andamento dos participantes) importa definir algumas instruções simples e pouco restritivas que possam contribuir para a concretização do objectivo primordial: a congregação de ciclistas de todos os níveis (desde que salvaguardadas as condições mínimas já mencionadas em ponto prévio).
Informa-se que, desde a Covilhã até ao Alto de Gonçalo, será imprimido um andamento-guia (por minha iniciativa, e estabelecido em parceria com os que bem-vindos quiserem colaborar/ajudar) que se considera adequado para a fase inicial do percurso – e que poderemos denominar como o ritmo do «pelotão». A ideia é tentar encontrar um andamento moderado, acessível à maioria, principalmente ao longo da primeira subida, de modo não ser limitativo aos atletas melhor preparados e sem penalizar aos menos aptos.
De qualquer modo, porque é natural que se verifiquem alguns atrasos no alto do Gonçalo, o «pelotão» deverá proceder a uma neutralização extraordinária (no cruzamento com a estrada que desce para Valhelhas) para reagrupamento total. O impasse durará o tempo que se considere razoável, ainda e sempre considerando a fase em questão do traçado.
Após a neutralização no alto de Gonçalo, a única estipulada antes da chegada à Torre, deixará de haver restrições ao andamento. Todavia, a noção de «pelotão» não deixará de existir. Pelo contrário, considera-se altamente recomendável que os participantes sigam em grupo do seu nível, para melhor interajuda.
Por outro lado, quer em grupo ou individualmente, partirá das necessidades de cada participantes a decisão de parar para reabastecimento. Esclareça-se, a propósito, que não há abastecimentos no evento, pelo que cada participante deve munir-se de alimentação sólida e líquida suficiente para cumprir o percurso, ou eventualmente parar para o adquirir (comprar) ou ser apoiado por viatura.
Sobre os carros de apoio, pede-se aos seus condutores que, quando prestarem assistência aos seus atletas, que o façam na parte de trás do pelotão e em segurança, de forma breve e sem obstruir o trânsito ou colocar em risco os demais utentes da via, incluindo os próprios ciclistas. Durante as longas subidas certamente haverá condições e tempo suficientes para tal, e até para as fotografias da praxe.
Na terceira e última fase, após a chegada à Torre, deve aguardar-se pela chegada de todos os participantes, antes de concluir a Clássica, descendo para a Covilhã (local da partida). Embora, como se compreende não se possa garantir infalibilidade.
CONSELHOS
Nunca é demais alertar/recordar todos os interessados em participar nesta desafiante Clássica da Serra da Estrela, a importância da gestão do esforço de acordo com as capacidade físicas. Para tal, a constante auto-avaliação ao longo do percurso é fundamental, porque nunca é demais frisar: é uma Clássica de alta montanha digna das grandes provas internacionais – não apenas pelo simbolismo das paragens, mas acima de tudo pelo elevado nível de dificuldade. Terminá-la – asseguro - é uma conquista pessoal de inegável mérito! Motivo para se oferecer a si próprio uma medalha alusiva.
Os participantes terão, com certeza, níveis diferentes, e em montanha essas diferenças fazem-se rapidamente. Quando se diz rapidamente, pode ser em centenas de metros... ou menos. Para isso, é crucial para cada ciclista «meter» o «seu» andamento (moderado, de preferência) o quanto antes e não apenas quando as forças falharem. E se falharem logo no Gonçalo ou mesmo nas Penhas Douradas, a subida à Torre poderá tornar-se penosa.
Pois, nunca se pode dizer que, numa jornada com três «cols», por se estar bem na primeira subida ou na segunda, se estará na última que, neste caso, é a mais difícil, e onde as forças, para a maioria, já serão muito mais escassas. Não vale a pena forçar, a não ser quando a Torre estiver à vista. Não respeitar a montanha é insensatez, mais cedo ou mais tarde, ela passará a factura! E pode apanhar-nos sem que tenhamos mais nada dar (lhe) dar...
Digo-o por experiência em muitas Clássicas internacionais.
Boa Sorte

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