quinta-feira, 5 de agosto de 2010

ATENÇÃO, NOVO HORÁRIO: 8h00

A tradicional Clássica da Serra da Estrela será, na edição deste ano, uma verdadeira etapa de alta montanha, com 130 km, três contagens de 1ª categoria e passagem «obrigatória» pela Torre. Pretende-se criar um modelo que perdure no tempo todos os anos/edições com percurso diferente. Pelo menos, sê-lo-à em relação aos anos mais recentes, numa tarefa que, na imensidão de trajectos da Serra da Estrela, não deverá ser muito complicada.
A data do evento é o dia 4 de Setembro (sábado), como é habitual no primeiro fim-de-semana deste mês, apenas com a alteração do dia, domingo. O objectivo é o de proporcionar aos participantes um regresso com mais tranquilo, com um dia de descanso para os que trabalharem na segunda-feira seguinte. A data da Clássica (1º fim-de-semana de Setembro) é supostamente para manter nos anos vindouros e o percurso será anunciado, neste blog, no dia 15 de Março de cada ano - com a antecipação suficiente para a devida programação/preparação de todos os que nela pretendam participar.

O percurso
O percurso da 1ª edição deste novo formato de Clássica inicia-se na Covilhã (parque de estacionamento do McDonald’s) na alameda que liga a EN18 ao centro da cidade e prossegue por esta estrada nacional até Belmonte, num trajecto com alguns desníveis. Apenas 5 km após esta cidade, e continuando pela mesma estrada, «eleva-se» a primeira subida da etapa, Gonçalo, com 10 km a 4,7%.
A inclusão desta ascensão no percurso foi sugerida pelo camarada Manso «Cancellara», dinamizador desta jornada serrana, e sobre ela reconheço não ter qualquer conhecimento. Segundo o próprio, arranca com as inclinações mais fortes e vai suavizando à medida em que subimos na cota, sempre com uma pendente que diz ser algo irregular. A subida atravessa as localidade de Gonçalo e de Seixo Amarelo, culminando com a intercepção da N18-1 que liga Guarda a Valhelhas, já em pleno Parque Nacional da Serra da Estrela.
A descida tem 13 km para Valhelhas tem algumas parte técnicas mas um declive moderado. No final a descida, que coincide com o cruzamento que antecede Valhelas, vira-se à direita para Manteigas, onde se chega após 16 km de falso plano (progressivamente) ascendente. Nesta ligação, que convida a velocidade elevadas não convém cometer exageros!
Em Manteigas inicia-se a segunda montanha do dia, Penhas Douradas: 15 km a 4,4%. Ou seja, longa mas suave. Sem dúvida, uma montanha rolante, sem inclinações fortes e uma pendente regular! Conheço-a apenas em descida, e adianto desde já que é... fantástica! Faz a transição da cota de 760 metros para a de 1414 metros, elevando-se praticamente sobre Manteigas através de um emaranhado de pequenas rectas e ganchos e proporcionando um esplêndida visão do Vale Glaciar do Zêzere, que vai ficando debaixo dos nossos pés...
A partir de Penhas Douradas (e da passagem próximo do seu Observatório Meteorológico), desce-se para o Sabugueiro saindo da N232 que continua para Gouveia. Depois deste cruzamento (à esquerda), são 5 km em descida até ao Sabugueiro (a aldeia mais elevada de Portugal Continental) numa estrada com piso irregular e muito desabrigada.
A junção com a subida Seia-Torre faz-se antes do Sabugueiro, ainda em descida acentuada (a tal passagem características desta subida, por onde irá passar uma das etapas da Volta este ano), para logo se iniciar a subida final para a Torre (imediatamente a seguir à aldeia). Serão 17 km a 5,5%, e para o poucos que não conhecem esta subida, a percentagem média de inclinação está longe de reflectir a sua dificuldade.
Nos 5 km seguintes ao Sabugueiro, é a doer e sem tréguas! Surge, então, uma descanso que antecede a passagem pela Lagoa Comprida. Depois, a pendente torna-se irregular, com secções bastante inclinadas e outras brandas, chegando mesmo a descer-se. A aproximação à Torre faz-se por patamares...
No cume de Portugal Continental, estaremos com cerca de 110 km... e etapa praticamente concluída. Todavia, resta voltar «vertiginosamente» para a Covilhã, em descida íngreme e com troços muitíssimo técnicos. Aí, os grandes descedores vão estar em palco privilegiado.

Outras informações
Esclareça-se, desde já, que a Clássica não tem fins competitivos e os seus participantes deverão respeitar o andamento médio estabelecido, de modo a permitir a integração de todos os ciclistas durante a maior parte do percurso. Todavia, ninguém terá dúvidas de que, em subidas desta categoria, haverá diferenças mais ou menos acentuadas de nível entre os participantes. Por isso, deve partir-se do princípio de que «ninguém deve travar ninguém», para tal devendo cumprir-se neutralização para reagrupamento no alto de Gonçalo e na Torre.
Tal não dispensa, porém, a cada participante a consciência/responsabilidade das suas capacidades físicas e a estas a adequação do seu próprio andamento/esforço, assegurando-se que, à partida, reúne condições para completar, ao seu ritmo, um trajecto com este elevado nível de exigência.
O objectivo consiste em tentar levar o grupo compacto até ao início da derradeira subida (do Sabugueiro para Torre), embora mais uma vez mais se ressalve o interesse, desde que possível, da formação de grupos de nível idêntico.
A duração da prova não deverá ser inferior a 5 horas, à (melhor) média prevista de 25 km/h.

ATENÇÃO: ANTECIPAÇÃO DE HORÁRIO DE PARTIDA!
A hora do início da prova aponta-se agora para as 8h00 (concentração às 7h30).

No final do evento, serão disponibilizados (sem custos) balneários para banhos, no Centro Desportivo da Covilhã, por trás do Hospital.

Todas as dúvidas respeitantes à participação no evento devem ser remetidas através de comentário (no espaço abaixo)

INSTRUÇÕES

A pouco mais de uma semana da 1ª. Clássica da Serra da Estrela, as expectativas iniciais estão superadas. Do cepticismo à nascença a um inesperado interesse de muitos participantes. A confirmar-se a adesão de maioria dos que têm manifestado intenções de estar à partida da Covilhã, às 8h00 de sábado, corre-se o «risco» de o evento adquirir uma projecção sem precedentes neste primeira edição. Com todas as contrapartidas que advêm, positivas e negativas.
Por isso, impõe-se, desde já, o estabelecimento de instruções básicas que deverão prevalecer no decurso da jornada, para tentar, o melhor possível, prevenir o seu normal desenrolar. Para que a mesma decorra como todos desejam!

Ponto prévio: reforce-se o cariz da Clássica de Serra da Estrela, que não é competição, mas sim uma prova de superação individual, que exige a cada participante a máxima responsabilidade e consciência da sua autonomia e capacidade para concluir um percurso de 130 km em alta montanha, com três subidas de 1ª categoria.

Assim, quanto às instruções que deverão nortear a conduta dos participantes, informa-se que o percurso será dividido em três partes:
1ª. Covilhã-Alto do Gonçalo (km 34,6 km; montanha de 1ª. Categoria)
2ª. Alto do Gonçalo-Torre (108, 4 km; após duas montanhas de 1ª Categoria)
3ª. Torre-Covilhã (final, km 130)

O procedimento que mais importa esclarecer/dissecar refere-se à primeira fase, para o qual solicita-se a compressão/entendimento de todos os participantes. Embora sem beliscar um dos pressupostos que prevalece a esta Clássica (o não condicionamento do andamento dos participantes) importa definir algumas instruções simples e pouco restritivas que possam contribuir para a concretização do objectivo primordial: a congregação de ciclistas de todos os níveis (desde que salvaguardadas as condições mínimas já mencionadas em ponto prévio).
Informa-se que, desde a Covilhã até ao Alto de Gonçalo, será imprimido um andamento-guia (por minha iniciativa, e estabelecido em parceria com os que bem-vindos quiserem colaborar/ajudar) que se considera adequado para a fase inicial do percurso – e que poderemos denominar como o ritmo do «pelotão». A ideia é tentar encontrar um andamento moderado, acessível à maioria, principalmente ao longo da primeira subida, de modo não ser limitativo aos atletas melhor preparados e sem penalizar aos menos aptos.
De qualquer modo, porque é natural que se verifiquem alguns atrasos no alto do Gonçalo, o «pelotão» deverá proceder a uma neutralização extraordinária (no cruzamento com a estrada que desce para Valhelhas) para reagrupamento total. O impasse durará o tempo que se considere razoável, ainda e sempre considerando a fase em questão do traçado.

Após a neutralização no alto de Gonçalo, a única estipulada antes da chegada à Torre, deixará de haver restrições ao andamento. Todavia, a noção de «pelotão» não deixará de existir. Pelo contrário, considera-se altamente recomendável que os participantes sigam em grupo do seu nível, para melhor interajuda.
Por outro lado, quer em grupo ou individualmente, partirá das necessidades de cada participantes a decisão de parar para reabastecimento. Esclareça-se, a propósito, que não há abastecimentos no evento, pelo que cada participante deve munir-se de alimentação sólida e líquida suficiente para cumprir o percurso, ou eventualmente parar para o adquirir (comprar) ou ser apoiado por viatura.
Sobre os carros de apoio, pede-se aos seus condutores que, quando prestarem assistência aos seus atletas, que o façam na parte de trás do pelotão e em segurança, de forma breve e sem obstruir o trânsito ou colocar em risco os demais utentes da via, incluindo os próprios ciclistas. Durante as longas subidas certamente haverá condições e tempo suficientes para tal, e até para as fotografias da praxe.

Na terceira e última fase, após a chegada à Torre, deve aguardar-se pela chegada de todos os participantes, antes de concluir a Clássica, descendo para a Covilhã (local da partida). Embora, como se compreende não se possa garantir infalibilidade.

CONSELHOS
Nunca é demais alertar/recordar todos os interessados em participar nesta desafiante Clássica da Serra da Estrela, a importância da gestão do esforço de acordo com as capacidade físicas. Para tal, a constante auto-avaliação ao longo do percurso é fundamental, porque nunca é demais frisar: é uma Clássica de alta montanha digna das grandes provas internacionais – não apenas pelo simbolismo das paragens, mas acima de tudo pelo elevado nível de dificuldade. Terminá-la – asseguro - é uma conquista pessoal de inegável mérito! Motivo para se oferecer a si próprio uma medalha alusiva.
Os participantes terão, com certeza, níveis diferentes, e em montanha essas diferenças fazem-se rapidamente. Quando se diz rapidamente, pode ser em centenas de metros... ou menos. Para isso, é crucial para cada ciclista «meter» o «seu» andamento (moderado, de preferência) o quanto antes e não apenas quando as forças falharem. E se falharem logo no Gonçalo ou mesmo nas Penhas Douradas, a subida à Torre poderá tornar-se penosa.
Pois, nunca se pode dizer que, numa jornada com três «cols», por se estar bem na primeira subida ou na segunda, se estará na última que, neste caso, é a mais difícil, e onde as forças, para a maioria, já serão muito mais escassas. Não vale a pena forçar, a não ser quando a Torre estiver à vista. Não respeitar a montanha é insensatez, mais cedo ou mais tarde, ela passará a factura! E pode apanhar-nos sem que tenhamos mais nada dar (lhe) dar...
Digo-o por experiência em muitas Clássicas internacionais.

Boa Sorte